Jogos de azar aumentam a desigualdade social
- onordestino
- 8 de set.
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*Leo Lupi

Léo Lupi, subsecretário de Assistência Social do Município do Rio de Janeiro
Que as plataformas de aposta são uma febre letal ao orçamento familiar, ninguém tem dúvida. Mas, muito mais do que tirar o pão da mesa de várias famílias, as chamadas BETs estão aumentando ainda mais os transtornos de saúde mental e a desigualdade social.
Não podemos esquecer que quase 25% dos beneficiados pelo Bolsa Família utilizaram o dinheiro do programa para destinar às apostas. Um total de nada menos que R$ 3 bilhões. A expectativa é de que esse valor chegue a R$ 5 bilhões. Como um atalho, os pobres ficam ainda mais pobres e os ricos famosos das propagandas mais ricos, sem mencionar o lucro dos empresários por trás dos jogos de azar.
E, ainda assim, mesmo os cassinos sendo proibidos no Brasil desde 1946 e mesmo diante de uma grande discussão sobre os malefícios da permissão das casas de jogos, o governador Cláudio Castro sancionou um decreto que permite e regulamenta a instalação de máquinas de apostas eletrônicas em bares, casas temáticas de jogos esportivos e outros estabelecimentos. Um grave retrocesso social.
Castro alega que a iniciativa pode aumentar a arrecadação do Estado. Mas um suposto incremento de receita a troco de quantas vidas sacrificadas?
Neste cenário, o prefeito Eduardo Paes proibiu que a Prefeitura conceda alvará a qualquer estabelecimento que contenha máquinas de apostas. Ainda bem.
Não se pode ignorar que, no Brasil, mais de 2,14 milhões de pessoas já sofram com o transtorno do jogo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A medida adotada pelo governador pode ampliar os impactos negativos não apenas na saúde mental. Mas ter outros desdobramentos sociais. Isso porque o vício em jogos está diretamente associado a quadros de depressão, suicídio, superendividamento e até práticas de furtos e fraudes dentro da própria família para sustentar a compulsão.
Permitir a instalação de máquinas de jogos significa aumentar o contato direto de quem já tem problemas com seu vício. Com uma máquina de aposta em casa esquina, fica difícil um jogador em tratamento não ter uma recaída.





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